Pensar em língua no geral remete-nos lembrar dos inúmeros idiomas espalhados pelo mundo e até mesmo no órgão fisiológico. Mas quando olhamos para a língua com a visão de Saussure a definição passa ser mais ampla, ela consiste num conjunto de signos e significados que articulam os interesses dos homens.
Seria então a língua a precursora dos grandiosos feitos e obras da humanidade, pois por meio das palavras é que os homens exercem entre si a autoridade e se organizam para viver socialmente.
A língua é um mecanismo da linguagem, constitui-a como parte fundamental.
Como Saussure define, a língua é a parte social da linguagem e não cabe ao homem por si só criá-la ou modificá-la, ela existe em virtude da comunidade, é um instrumento de comunicação entre as pessoas através dos conjuntos de signos.
“ Ela é um objeto bem definido no conjunto heteróclito dos fatos da linguagem. Pode-se localizá-la na porção determinada do circuito em que uma imagem auditiva vem associar-se a um conceito...”
(SAUSSURE, pag.22)
Os signos da língua são tangíveis, podendo ser representados pela escrita e a imagem acústica traduz-se numa imagem visual constante.
Enquanto a língua é uma instituição social que exprime idéias, a linguagem constitui a expressão da natureza humana, a necessidade humana de se manifestar perante o mundo.
“... poder-se-ia objetar que o exercício da linguagem repousa numa faculdade que nos é dada pela Natureza, ao passo que a língua constitui algo adquirido e convencional,...”
(SAUSSURE, pag.17)
Para Saussure a linguagem tem um lado individual e outro social, sendo impossível conceber um sem o outro. A linguagem é heterogênea, tem muitas formas e sentidos, pode se manifestar de maneira física, fisiológica e psíquica.
A ciência acredita que a linguagem começou a se desenvolver por volta de 1,5milhões de anos atrás. Os estudos fósseis fazem supor que o primeiro hominídeo já se comunicava por meio de sons intencionais, nascia os primeiros passos para a verbalização da linguagem e somente há 40 mil anos a linguagem conquistou seu processo definitivo.
Marilena Chauí destaca a obra de Rousseau, Ensaio sobre a Origem das Línguas, onde o autor considera que a linguagem nasce da necessidade de comunicação.
“Desde que um homem foi reconhecido por outro como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio, o desejo e a necessidade de comunicar lhe seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isso.” (CHAUÍ, 2000)
A capacidade de comunicação desencadeou as condições necessárias para a instituição da sociedade, a partir do momento em que o homem pode expressar os seus pensamentos e necessidades constituindo os princípios morais e éticos.
Portanto a linguagem e a sociedade possuem uma relação, uma não existe sem a outra. Os indivíduos são unidos pela linguagem e reproduzem-na por palavras, por gestos, pelas artes plásticas, pela música, pelas expressões faciais, por símbolos; enfim, uma diversidade de possibilidades para o homem manifestar seus pensamentos e intenções.
“... a linguagem é um fenômeno social, e a cooperação cultural e intelectual constitui o grande princípio da vida humana.” (HAYAKAWA)
A língua é um instrumento da linguagem e a linguagem é um instrumento natural do homem, ambas contribuindo para a consolidação da sociedade.
Referências
Marilena Chaui, Convite a Filosofia, Editora Àtica, 2000.
Ferdinand Saussure, Curso de Lingüística Geral, Editora Cultrix
Samuel Ichiey Hayakawa, A Linguagem no Pensamento e na Ação, Livraria Pioneira
Editora São Paulo, 1972.
Ferdinand Saussure, Curso de Lingüística Geral, Editora Cultrix
Samuel Ichiey Hayakawa, A Linguagem no Pensamento e na Ação, Livraria Pioneira
Editora São Paulo, 1972.
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